Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/232

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A Madre de Mêmnon dourava a terra,
E já se descobria uma alta Serra
Com três dias de marcha; de Itamonte
O carregado aspecto está defronte.
Não repugna do Herói à nobre entrada,
Mas tem presente ainda a retirada
De Fernando; inda vê de sangue tinto
O campo; e nota o ódio mal extinto
Dos infames rebeldes, conjurados.

Embaraçar pertende os apressados
Passos que vêm trazendo, e quer primeiro
Co'a vista de um obséquio lisonjeiro
Demorar a Garcia: teve o indulto
Este Vassalo de avançar-se oculto
E entrar na povoação, notando o estado
Da levantada gente: era chegado
À margem de um ribeiro; e os olhos tendo
Mal enxutos ainda, se está vendo
Na prisão insensível de um encanto,
Que enfim lhe acaba de pôr termo ao pranto.

Uma voz se lhe finge, que feria
Os ares docemente e assim dizia:
Saudoso Ribeirão, Mancebo infausto,
Seja perdida a pompa, a glória, o fausto,
Em pequena corrente convertido
Vás regando este vale, o teu gemido