Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/251

Wikisource, a biblioteca livre

E aos bustos discorrendo, assim cantava:
Aquele (e no primeiro se firmava),
Aquele que na frente traz gravado
O caráter de um ânimo empregado
Em contínuas fadigas, que inda sua
Por entre a espessa brenha e serra nua,
Vencendo ásperos riscos e as correntes
Dos rios não cortadas de outras gentes
Mais que do hirsuto e bárbaro Gentio,
É Rodrigo, que junto àquele rio
Que acabas de pisar a vida entrega
Às mãos de uma ousadia infame e cega.
Em vão tentou ao Rei dar novo aumento
Das Minas no feliz descobrimento,
Que atalhando seus passos duro fado
Aqui lhe tinha a urna preparado:
Em vez de roxos lírios e açucenas,
Bárbaras flores lhe derrama apenas
Piedosa mão, se acaso Monstro enorme
Seu túmulo não pisa, e nele dorme.
Artur é quem sucede mais ditoso,
Pois que atraindo ao Borba generoso,
Que ao centro dos Sertões se retirara,
Com ele emprende ver a terra avara,
Onde jaz de Rodrigo a sepultura:
Vê qual próvida mão dar-lhe procura
O luzente metal, que em longos anos
Se negara à fadiga dos humanos.

O terceiro é Fernando, que sustendo
Dificilmente as rédeas se está vendo
Entre os insultos da rebelde gente;
Desde longe o ameaça a bala ardente,
A crua espada e o punhal ferino,