Frei Januario, dormida a sua regalada sésta, dispoz-se a fazer horas para a ceia, indo communicar ao fidalgo a grande nova das disposições de espirito, suspeitas e subversivas, em que encontrou o filho mais velho.
Ainda D. Luiz meditava nas mudanças que ia soffrer o regimen economico da casa e nas mais ou menos provaveis consequencias d'ellas, quando a voz fanhosa do padre procurador se fez ouvir á porta, articulando o costumado—licet?—E sem esperar resposta o padre frei Januario foi entrando.
—Ainda ás escuras, snr. D. Luiz?!
—Nem sempre temos para nos alumiar luzes tão bellas como esta; respondeu o fidalgo, designando o luar que já lhe inundava o quarto.
—Quer não; isto de luar não é lá das melhores coisas e depois o ar da noite…
—A noite está que parece de maio.
—Sim? mas sempre os vapores dos campos… Eu acho mais prudente accender luz e fechar as janellas.
—Não me opponho, frei Januario, até porque temos que fallar.
—Sim? Tambem tenho que communicar a v. exc.ª
—Pois, muito bem. Vamos a isso.
Fecharam-se as janellas, vieram as luzes e dispoz-se tudo para a conferencia.
D. Luiz exigiu que frei Januario fallasse primeiro.
—Visto isso, principiarei, e o que sinto é que seja