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Página:Os Maias - Volume 1.djvu/267

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OS MAIAS
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Carlos, sem erguer os olhos, lançou para os céus um gesto, como exprimindo o infinito do chic!

Damaso largara o Figaro para metter um charuto na boquilha; depois desapertou os ultimos botões do collete, deu um puchão á camisa para mostrar melhor a marca que era um S enorme sob uma corôa de conde, e de palpebra cerrada, com o beiço trombudo, ficou mamando gravemente a boquilha...

— ­Tu estás hoje em belleza, Damaso, disse-lhe Carlos que deixara tambem a Revista e o contemplava com melancolia.

Salcede corou de gozo. Escorregou um olhar ao verniz dos sapatos, á meia côr de carne, e revirando para Carlos o bogalho azulado da orbita:

— ­Eu agora ando bem... Mas, muito blazè.

E foi realmente com um ar blazè que se ergueu a ir buscar a uma mesa de jardim, ao lado, onde estavam jornaes e charutos, a Gazeta Illustrada, «para vêr o que ia pela patria.» Apenas lhe deitou os olhos soltou uma exclamação.

— ­Outro debute? perguntou Carlos.

— ­Não, é a besta do Castro Gomes!

A Gazeta Illustrada annunciava que «o sr. Castro Gomes, o cavalheiro brasileiro que no Porto fôra victima da sua dedicação por occasião da desgraça occorrida na Praça Nova, e de que o nosso correspondente J. T. nos deu uma descripção tão opulenta de colorido realista, acha-se restabelecido e é hoje esperado no Hotel Central. Os nossos parabens ao arrojado gentleman.»