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OS MAIAS
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Inquieto, Carlos descintou o jornal. Chamava-se a Corneta do Diabo: e na impressão, no papel, na abundancia dos italicos, no typo gasto, todo elle revelava immundicie e malandrice. Logo na primeira pagina duas cruzes a lapis marcavam um artigo que Carlos, n’um relance, viu salpicado com o seu nome. E leu isto: « — Ora viva, Maia! Então já se não vai ao consultorio, nem se vêem os doentes do bairro, janota? — Esta piada era botada no Chiado, á porta da Havaneza, ao Maia, ao Maia dos cavallos inglezes, um tal Maia do Ramalhete, que abarrota por ahi de catita; e o pai Paulino que tem olho e que passava n’essa occasião ouviu a seguinte cornetada: — É que o Maia acha que é mais quente viver nas fraldas d’uma brazileira casada, que nem é brazileira nem é casada, e a quem o papalvo poz casa, ahi para o lado dos Olivaes, para estar ao fresco! Sempre os ha n’este mundo!... Pensa o homem que botou conquista; e cá a rapaziada de gosto ri-se, porque o que a gaja lhe quer não são os lindos olhos, são as lindas louras... O simplorio, que bate ahi pilecas bifes, que nem que fosse o marquez, o verdadeiro Marquez, imaginava que se estava abiscoitando com uma senhora do chic, e do boulevard de Paris, e casada, e titular!... E no fim (não, esta é para a gente deixar estoirar o bandulho a rir!) no fim descobre-se que a typa era uma cocotte safada, que trouxe para ahi um brazileiro já farto d’ella para a passar cá