Página:Os descobrimentos portuguezes e os de Colombo.djvu/127

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quaes se dirige para o Atlantico e o outro para o Mediterraneo. O que os espanta e ao mesmo tempo os exalta é o não encontrarem monstros, as ondas tenebrosas, os montes ardentes, toda a guarda avançada da implacavel zona torrida. Para que primeiro arcassem com esses receios foi necessaria toda a energia do infante D. Henrique, mas a pouco e pouco foram-se familiarisando com esses mares que tão terriveis se suppunham anteriormente, e eram elles que davam a fra Mauro as informações tranquillisadoras que elle insere nas annotações ao seu planispherio.

No ponto de vista em que nós nos collocamos, e que suppomos ser absolutamente verdadeiro, quer dizer desde o momento que sustentamos que o serviço immorredouro que Portugal prestou á civilisação e á sciencia foi o ter demolido a noção consagrada da zona torrida inhabitavel, e que a prova de sobre-humana audacia que os Portuguezes déram foi a de transpor sem hesitação os limites d’essa zona torrida, percebe-se que nos seria completamente indifferente que se provasse que navegadores estrangeiros tinham precedido os nossos nos mares que ficam para além do Bojador. Isso não faria senão levar um pouco mais adeante o ponto de partida das expedições portuguezas indubitavelmente gloriosissimas, e cuja honra Humboldt confessa que nos cabe sem contestação, as expedições á região