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Página:Os trabalhadores do mar.djvu/26

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Além dos ruidos nocturnos e das luzes, a casa era particularmente atterradora por isto: se á noite se deixava sobre a lareira um novello de lã, agulhas e um prato cheio de sopa, no dia seguinte de manhã encontrava-se a sopa comida, o prato vasio e um par de luvas feito. Poz-se á venda aquelle pardieiro com o diabo, que estava dentro, por algumas libras esterlinas. Aquella mulher comprou-o, evidentemente tentada pelo diabo. Ou pela barateza.

Fez mais do que compra-lo, foi morar lá com o filho, e desde então a casa socegou. Esta casa achou o que queria, dizia a gente da terra. Cessaram as apparições. Já se não ouvia gritos ao romper do dia. Já não havia outra luz além do sebo acendido á noite pela boa mulher. Vela de feiticeira vale a tocha do diabo.

Esta explicação satisfez o publico.

A mulher utilisava o quarto de geira de terra que possuia. Tinha uma boa vacca de cujo leite fazia manteiga. Colhia frutas e batatas Golden Drops. Vendia como qualquer outra pessoa, hervas, cebolas e favas. Não costumava ir ao mercado vender a sua colheita, mandava-a por Guilbert Falliot. O registro de Falliot mostra que elle vendeu para ella uma vez doze alqueires de batatas chamadas de tres mezes, das mais temporãs.

Fizeram-se na casa apenas os reparos necessarios para se poder habitar nella. Só chovia nos quartos quando fazia muito máo tempo. Compunha-se de dous pavimentos, um rez do chão, e um celleiro. No terreo havia tres salas; dormia-se em duas, comia-se co-