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Página:Osmîa - tragedia de assumpto portuguez, em cinco actos (1788).pdf/24

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Que affaz me deſagrada, e te horroriza,
Hoje meſmo o veſti a vez primeira;
A ultima ſerá. Eu deſta pena
(Naõ leve) que m'oprime, hum nobre premio
Eſperei conſeguir: de ti depende.

Eledia. [1] Virtuofa te moftra, e verás como
Eledia te focorre.

Oſmîa. [2]Bem podéra
D'altivez increpar-te. Eſcravas ambas
Na verdade nos vemos; mas tu meſma
Que ſou tua Princeza reconheces.
Igualou-nos a ſorte, tens deſculpa,
Se excedeſtes os termos. Nem me eſqueço
Do que devo a teu zêlo infatigavel.
Arte, esforço, virtude, o proprio mando
Como dadivas tuas reconheço.
Tu foſte aquella, que entre mil guerreiros
(Qual outra Mãi prudente) me eſcolheſte
Rindaco por Eſpoſo: reſpeitei-te
Em tao ſevéra eſcolha; à mão d'Eſpoſa
A Rindaco entreguei, ſacrificando
O meu proprio ſocego ao deſſes Póvos,
Que meu conſorcio unîa. Começava
Meu brando coraçao a coſtumar-ſe
Aos duros laços do conſorte altivo,
E a benigna virtude hum véo lançava
Sobre tantas e tantas aſperezas
Ao genio meu contrarias.

Eledia. Corta o fado
Tao formoſa uniao, que d'improviſo
Lelio nos aſſaltou. Correo-ſe ás armas ;
Mas ſem fórma, ſem ordem. O tumulto
De ti me ſeparou, nem ſei que paſſos
Os de Rindaco foraõ, que as Cohortes

De

  1. Com altivez.
  2. Com ſeveridade.