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Página:Osmîa - tragedia de assumpto portuguez, em cinco actos (1788).pdf/60

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Se queres, podes dar-me: Eu meſma a peço;
Eu a deſejo, Eſpoſo.

Rindac. [1] E como? a morte!
Oſmîa a pede? [2] Oſmîa pois culpada..

Oſmîa. Socega-te, Senhor, naõ ſou culpada;
Mas do crime a apparencia me perturba.

Rindac. Acaba, d'uma vez me raſga o peito.
Oſmîa. O

Oſmîa. Pretor... tem moſtrado que ſe agrada...

Rindac. De ti! (oh raiva!) e tu?...

Oſmîa. Eu... naõ te nego...
Naõ te nego, Senhor, que ſeus cortezes,
Seus termos generoſos mi'obrigáraõ.

Rindac. Dize qne o amas, e que por amallo
Até deſſe vil traje te carregas.

Oſmîa. Naõ, Rindaco; melhor conhece Oſmîa,
Eſte traje infeliz, que tanto peza
Sobre a minha virtude, foi o preço
Porque alcancei de Lelio que habitaſſe
Comigo a ſábia Eledia: ſeus conſelhos,
Seus rigidos coſtumes quiz ao lado,
Quando a ſorte de ti me ſeparava.

Rindac. E Eledia he teſtemunha de teus paſſos?

Oſmîa. Hoje Eledia alcancei. O Pretor moſtra
Querer aqui deter-me; mas podendo
Recuſar o reſgate, quer que eu meſma
Em liberdade a deciſaõ profira
Na ignorancia fatal do teu deſtino
A reſpoſta dilata; os Ceos quizeſſem
Que nem hum ſó inſtante a differiſſe!
No momento porém... (oh Deos!)

Rindac. Que dizes?

Oſmîa. Tudo o que n'alma tenho; e tu repara
Que generoſa, e firme to declaro.
Neſſe triſte momento em que a noticia

Da

  1. Com aſſombro.
  2. Com indignaçaõ.