Saltar para o conteúdo

Página:Paquita; poema em XVI cantos, Bulhão Pato, 1894.djvu/57

Wikisource, a biblioteca livre
CANTO I
19

E não sabes tambem quantas ciladas
Te circumdam a fragil existencia;
Quantos projectos e tenções damnadas
Fórma o homem na sua omnipotencia
Contra ti, debil flor, que basta um sopro
Para mudar-te neste mundo a essencia!


Um erro apenas, uma falta leve,
Um pensamento, rapido que seja,
A fronte pura te desbota em breve.
És como o lyrio que no prado alveja,
Que ao sol abrira vecejante e timide,
Mas qoe um só dia d'existencia teve!


Pobre innocencia! e pobre sobretudo
De ti, leitor, que, vendo de repente
Arrojar-se ao estilo campanudo
A minha musa, cuidas certamento
Que, entrando nos dominios da elegia,
Começa a declamar em tom plangente!