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Página:Poesias eroticas, burlescas e satyricas.djvu/52

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Lhe amolgue os tezos seus virgineos peitos.
Em Junho ardente pelo seu consorte
Clama, suspira em verde ramo a rôla;
Em gelado Janeiro clama triste
A domestica tigre por marido:
Brama nos campos em sereno Maio
Mansa novilha por amado touro.
Sabia Natura o debil sexo excita,
Torpes desejos com ardor provoca:
Mas sempre firme, e simulada nega
Carnal impulso geração de Pyrrha.
Busca Diana Endymião nos bosques,
Mas finge ousada perseguir as féras;
Ardente Venus só prazer respira,
Mas seus favores solicíta Marte;
Serrana humilde reclinar deseja
Nos doces braços de um Vaqueiro o collo;
Mas d’elle foge, na montanha, esquiva,
Com elle o baile festival recusa.


II


Tu, próvido Lycurgo, ou quem primeiro
Á vaga turba legislou dos homens,
Severo alçando temeroso ferro
Duro reprimes da natura os gritos;
Á face mulheril, immovel d’antes,
Pudibundo rubor e pejo déstes;
Mas ah! não tema varonil caterva
Femineo pejo, sendo eu o seu mestre.