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Não! Quando, em pó desfeita, a cruz divina
Deixar de ser perenne testemunho
Da avita crença, os montes, a espessura,
O mar, a lua, o murmurar da fonte,
Da natureza as vagas harmonias,
Da cruz em nome, falarão do Verbo.

Della no pedestal, então deserto,
Do deserto no seio, ainda o poeta
Virá, talvez, ao pôr do sol sentar-se;
E a voz da selva lhe dirá que é sancto
Este rochedo nú, e um hymno pio
A solidão lhe ensinará e a noite.

Do cantico futuro uma toada
Não sentes vir, oh cruz, de além dos tempos
Da brisa do crepusculo nas azas?
É o porvir que te proclama eterna;
É a voz do poeta a saúdar-te.




Montanha do oriente,<poem>
Que, sobre as nuvens elevando o cume,
Divisas logo o sol, surgindo a aurora,