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QUINCAS BORBA

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QUINCAS BORBA

— Justamente! interrompeu Bubião. Não entendera nada; posto soubesse algum francez, mal o comprehendia lido — como sabemos, — e não o entendia faltado. Mas, phenomeno curioso, não respondeu por impostura; ouviu as palavras, como se fossem comprimento ou acclamação; e, ainda mais curioso phenomeno, respondendo-lhe em portuguez, cuidava fallar francez. — Justamente! repetiu. Quero restituir a cara ao typo anterior; é aquelle. E, como apontasse para o busto de Napoleão III, respondeu-lhe o barbeiro pela nossa lingua: — Ah! o imperador! Bonito busto, em verdade. Obra fina. O senhor comprou isto aqui ou mandou vir de Paris? São magníficos. Lá está o primeiro, o grande; este era um gênio. Se não fosse a traição, oh! os traidores, vê o senhor? os traidores são peiores que as bombas de Orsini. — Orsini! um coitado! — Pagou caro. — Pagou o que devia. Mas não ha bombas nem Orsini contra o destino de um grande homem, continuou Bubião. Quando a fortuna de uma nação põe na cabeça de um grande homem a coroa imperial, não ha maldades que valham... Orsini! um bobo!