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QUINCAS BORBA

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escutal-a; mas, se lhe custava a entender as palavras, não chegava a comprehonder o sentido dellas. A que vinha aquella historia não succedida? Quem quer que a ouvisse, acceitaria tudo por verdade, tal era a nota sincera, a meiguice dos termos e a verosimilhança dos pormenores. E elle continuou suspirando as bellas reminiscencias... — Mas que caçoada é essa? atalhou finalmente Sophia. Não lhe respondeu o nosso amigo; — tinha a imagem deante dos olhos, não ouviu a pergunta, e foi andando. Citou-lhe um concerto de Gottíchalk. O divino pianista melodiava ao piano; elles ouviam, mas o demônio da musica levou os olhos do um para outro, e ambos esqueceram o resto. Quando a musica cessou, as palmas romperam, e elles accordaram. Ai tristes! accordaram com o olhar do Palha em cima delles, um olho de onça brava. Nessa noite cuidou que elle a matasse. — Senhor Bubião... — Napoleão, não; chama-me Luiz. Sou o teu Luiz, não é verdade, galante creatura? Teu, teu... Chama-me teu; — o teu Luiz, o teu querido Luiz. Ai, se tu soubesses o gosto que me dás quando te ouço essas duas palavras: «Meu Luiz!» Tu és a