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Henrique Lins

de forma breve: “Subi em balão e desci em papagaio”[1].

Embora sua primeira experiência com um dirigível tenha acabado em desastre, ficou claro para ele e para todos os que assistiam que o problema da dirigibilidade de balões havia sido solucionado. Daí para frente seria necessário, naturalmente, trabalhar no aperfeiçoamento de novos aparelhos, mas a utilização do motor a explosão, já tentada sem êxito por alguns inventores, associada a uma forma alongada do balão mostrou-se adequada. Além disso, Santos Dumont reduziu o peso dos diversos componentes da aeronave com a utilização de novos materiais e novas soluções. O uso da seda reduziu muito o peso do invólucro. A eliminação da tradicional rede que envolvia o balão e sustentava o cesto foi outro fator importante. Nos dirigíveis de Santos Dumont a estrutura era suspensa e presa numa haste diretamente costurada no balão.

Um aspecto importante está relacionado com a preocupação de Santos Dumont em realizar os seus experimentos em locais públicos e anunciados com antecedência. Assim, sucessos e insucessos eram testemunhados por muitas pessoas e seus vôos eram notícia na França e no mundo.

No início de 1899 estava pronto o seu segundo dirigível, quase uma cópia do anterior. Seu vôo, em 11 de maio, acabou em desastre causado pela mesma razão: a válvula para manter a pressão interna falhou e o aparelho dobrou-se ao meio, caindo sobre a copa das árvores do Parque de Aclimação. Para evitar o risco de novo dobramento do invólucro ele construiu um balão muito mais oblongo. Para evitar o risco de uma explosão causada pela presença de fagulhas que saíam do cano de descarga e do hidrogênio que podia escapar do balão, Santos Dumont utilizou o gás de iluminação, bem mais pesado, mas muito menos inflamável. Para compensar a perda de força ascensional causada pela mudança de gás, aumentou o volume para 500 metros cúbicos. Em 13 de novembro levantou vôo e fez excelentes evoluções, mostrando que o problema de dirigir uma aeronave estava, de fato, resolvido. Depois realizou diversos vôos sobre Paris.

No ano anterior, em 1898, havia sido fundado o Aeroclube da França, entidade que desempenhou um importante papel na história da aviação, pois

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  1. Santos Dumont, Alberto. A Conquista do Ar pelo aeronauta brasileiro Santos-Dumont. 1901. Aillaud & Cia. Paris. 32pp. P.11.