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PARCERIAS ESTRATÉGICAS - NÚMERO 17 - SETEMBRO/2003

reuniu inventores, industriais e esportistas em torno das questões relacionadas com o vôo. Santos Dumont fazia parte da entidade e um dos problemas mais sérios era o dos critérios que deveriam ser adotados para considerar que um aparelho era eficiente. Muitos inventores anunciavam terem realizado grandes feitos, mas não foram capazes de reproduzir suas demonstrações. Era preciso, para se avançar no desenvolvimento da aviação, saber avaliar com absoluta imparcialidade um determinado resultado. Nesta direção, um dos pontos essenciais estava relacionado com a realização da prova em si. Não se considerou válida uma demonstração feita sem um aviso prévio. O acaso poderia ajudar. Um outro aspecto indispensável, na visão dos membros do Aeroclube, era o fato da prova ter que ser realizada na presença de uma comissão idônea que analisaria o resultado e elaboraria uma ata descrevendo em detalhe o que foi observado. Finalmente, os membros do Aeroclube entenderam que a prova deveria ser proposta pela entidade, ou por ela endossada. Estes pontos foram adotados pela entidade francesa e aceitos mundialmente.

Em 1899, quando Santos Dumont estava começando a realizar seus vôos dirigidos em balão, e os vôos planados de Lilienthal já estavam sendo reproduzidos por outros inventores, o magnata do petróleo Deutsch de la Meurthe propôs um grande desafio para a aerostação: realizar um vôo em circuito fechado, de cerca de 11km de percurso, saindo do parque de Saint Cloud e contornando a Torre Eiffel. O vôo deveria ter a duração máxima de 30 minutos, o que era, para época, um desafio extremamente difícil. Poucos poderiam se propor a entrar no concurso, embora o prêmio de 100 mil francos fosse um forte atrativo.

Naqueles anos finais do século XIX somente Santos Dumont tinha um aparelho capaz de realizar tal proeza, mas o seu dirigível 3 não era suficientemente veloz para garantir sucesso. Em 1900, Santos Dumont apresentou um dirigível, bem mais elaborado, o seu nº 4, com um motor mais potente e uma cubagem bem maior. Retornou ao hidrogênio para garantir maior força ascensional, e adotou uma forma mais aerodinâmica. Nessa ocasião, Paris comemorava o início do século XX e estava ocorrendo o Congresso Aeronáutico Internacional junto com a Feira Internacional. As maravilhas da técnica estavam sendo apresentadas para um grande público e o interesse pela aviação era grande. Poucos acreditavam que um dia seria possível o homem ter controle sobre o vôo. Onde se apoiar? Como evitar que o vento e as

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