da descoberta da pedra filosofal, para que V. Excia. se mostre alheio ao assunto?... Inquiri em tom sério, porém ao mesmo tempo narquois.
E o senador, deixando perceber nos lábios aquele sorriso fino que lhe era peculiar, sussurrou abaixando a voz:
- Nada disso: o Sr. Julio César pretende apenas ter descoberto o meio de dar direção aos balões... Eis o que me traz aqui: quer expor-lhe hoje mesmo o seu sistema...”[1]
O Barão de Teffé não quis analisar os papéis na frente do inventor e marcou nova data, mas logo a seguir entrou em seu gabinete André Rebouças, lente da Escola Politécnica, que viu o rolo de papéis deixado por Julio César, e logo quis saber do que se tratava.
“- Dou-lhe um doce se adivinhares...
E como ele se dispusesse a desenrolá-lo, acudi:
- Não abras... salvo se me prometes lê-lo esta noite; este rolo contém a resolução do magno problema da dirigibilidade dos aeróstatos, encontrada por um moço nortista.
- Quem é esse maluco?
- Não sei... Quem o trouxe aqui foi o senador Candido Mendes.
- E não disseste ao senador que tinha errado de porta? E não lhe perguntaste porque de preferência não o levara para o palácio da Praia Vermelha (casa de doidos)?
Dizendo isto Rebouças atirou longe o calhamaço de Julio César, e saiu bradando:
- Que maluco! Vir tomar o tempo a quem trabalha em vez de ir explicar como se dirige um balão aos colegas enclausurados, por muito menos, nesse populoso manicômio!”[2].
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