Página:Severina (1890).pdf/7

Wikisource, a biblioteca livre
83

III

Aos 25 annos, a Severina attingira o pleno desabroehamento da sua delieada belleza lirial.

O trabalho desenvolvêra-lhe as fórmas hesitantes, fortaleeêra-lhe o sangue debilitado e toeára de um fino eolorido rosado o oval pallido d'esse rosto, recortado em alabastro, de que a eaprichosa natureza dotára, por engano, a fillia de um peseador, e que faria o orgulho de uma patrieia.

Nos seus grandes olhos azues, de uma transpareneia diamantina, refleetia a grave melaneolia inseparavel d'esse profundo e insondavel mar, que de pequenina a embalára nas suas ondas soluçantes. A bôea, largamente fendida e levemente deseórada, esboçava, por vezes, o sorriso triste e fugidio, caraeteristieo das resignações obseuras, dos holocaustos silenciosos, que o mundo não suspeita.

Os sobrinhos, que ella ensinára a lêr, que creára nos seus braços debeis, a quem ministrára o viatico da maternidade, disputado pela morte, adoravam-a.

O Manuel Cherne ehamava-lhe santinha, revendo-se, vaidoso, no seu easinholo, aeeado, eomo um palmito, deleitando-se na sua velhiee amimada, eercada de todos os confortos, eompativeis eoin a pobreza.

— Aquelle migalho de gente!... quem tal diria!... obscrvava aos da companha, não perdendo ensejo de encarecer os meritos da filha.

Os rapazes ouviam, eompenetrados, louvando o juizo da menina Severina.

O mais interessado era, sem nenhuma duvida, o Silvestre.