Página:Suspiros poéticos e saudades (1865).djvu/138

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Cada casa é um túmulo; e de sangue,
Lugar não há na terra,
Que manchado não fosse.
Um dia chegará a Humanidade
Ao limite que Deus lhe prescrevera.

Não descansemos; vamos,
Enquanto a sepultura não acharmos
De Filinto, que há tanto procuramos.

Luísa e Abeilard inda no mármore,
Juntos, da morte o eterno sono dormem,
Neste gótico túmulo; mil c'roas
Suas estátuas cobrem, que os amantes
A seus pés depositam.
Qu'eu não possa pagar igual tributo!
Amor, tu me desdenhas;
Nunca um ósculo teu rociou meus lábios;
Nunca de virgem olhos condoídos
Sobre mim almas chamas espargiram;
Ah nunca fui amado!
Nascido para a dor, jamais minha alma
Em delícias de amor sonhou ao menos!