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Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/312

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um sorriso. Ele entrou e, na meia escuridão da sala, exclamou espantado:

— Que é isto? Tudo fechado. Por quê?

Ela deu d'ombros, amuada.

— Que é dele?

— Quem?

— Mamede.

— Sei lá!

Sentou-se aborrecida.

— Houve alguma coisa entre vocês?

— Sei lá!

— Brigas, ciumadas; aposto.

— Ciumadas. Eu é que vou procurar a minha vida. Estou farta de aturar grosserias e de passar vergonhas. Quem não pode com o tempo não inventa modas. Aquilo é lá homem?! Não se importa com a casa - se tem dinheiro é pro jogo, se não tem, mete-se aqui bebendo, resmungando desaforos e eu que me vire em comida. O senhorio não sai aí da porta e, volta e meia, são cobradores batendo, com atrevimento. E ele? Há três dias que não aparece. Estão dizendo que foi preso numa casa de jogo. Não sei.

— E você agora?

— Eu vou por aí. De fome é que não hei de morrer.

Depois dum silêncio Paulo aproximou a sua cadeira e, tomando a mão da mulata, voltou à proposta antiga.

— Bem podias estar livre de tudo isto. Não queres...

— O quê?

— Sair comigo.

Ela baixou a cabeça, calada.