Uma calçada de grossas lajes, orlada de faias, conduzia ao terreiro, para onde abria, sob a torre de menagem, a estreita porta chapeada de ferro e a ponte levadiça, que sempre descida, naqueles doces anos de paz, tinha as cadeias de ferro enferrujadas. De um lado do terreiro havia um pequeno alpendre, coberto de rama, onde se vendia, à vasilha, o bom vinho branco das vinhas senhoriais. Do outro lado, negrejavam os grossos barrotes das forcas patibulares. Um velho olmo assombreava o banco de pedra, onde, pelas tardes de verão, o Senhor vinha julgar os delitos, receber vassalagens, ou marcar as portagens devidas pelos mercadores que, com longas récuas de machos carregados, passavam por dentro das suas terras. Nenhuma claridade saía das janelas das torres, mais esguias que fendas. As rãs coaxavam na água negra dos fossos.
O bom lenhador costeou as compridas muralhas, onde por vezes uma mancha mais clara na pedra negra era como uma cicatriz de batalha numa face requeimada; e passando pela alta cancela de uma sebe, que ao longe se perdia nos prados escuros, penetrou por uma estreita poterna, aberta na muralha como uma fenda abobadada, e guardada por um cão enorme, cuja corrente de ferro arrastava na lajes.
Dentro, no vasto recinto murado, para além de um poço de bordas baixas, encimado por um