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Página:Ultimas Paginas (Eça de Queirós, 1912).djvu/511

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momento em que toda a literatura decai, e em que a emoção de todo se esvai, e o espírito crítico um momento se embota – devia levar e levou à banalidade ou à extravagância. Mas se a parte da banalidade é grande no Romance – os poetas, que estão naturalmente mais longe do grande público, foram forçados a chamar-lhe a atenção mais violentamente, e, numa ânsia de originali-dade e de novidade, precipitaram-se em massa na extravagância. Daí provêm todos esses movimentos do Satanismo, que desandou noutro, chamado, Deus me perdoe, o Nervosismo! Mas aí ainda havia o desejo, no fundo intelectual, de dar um estremecimento, um arrepio novo à alma.

Por fim, toda a intenção intelectual foi posta de parte e ficou a preocupação meticulosa, requintada da forma – de uma forma que tivesse a extrema originalidade no extremo relevo. O sentir foi substituído pelo cinzelar; e uma estrofe, um soneto, foram trabalhados com os lavores, os polidos, os retorcidos, os engastes, as cintilações de um broche de filigrana, tendo apenas, como a filigrana, um valor de feitio, como ela agradável à vista, mas deixando o espírito indiferente. Estes homens chamaram-se a si mesmos os Parnasianos – e, entre nós meridionais, que amamos o lavor e o feitio, o brilho, o luxo da forma, exerceram uma influência devastadora. A eles se devem esses estilos delirantes,