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Velho, ao partir com as suas malas e as suas rugas, a este Novo Ano que chegava, inex-periente e curioso? Que confidências trocaram, ao encontrar-se nessa misteriosa estrada por onde caminham os dias e os anos, pacientes transeuntes da Eternidade?... Pois nós,

Querido público, eis-te diante de um Ano Novo — o ano de 1872. os feiticeiros das Farpas, por grande maravilha o sabemos! Ano Velho e Ano Novo cruzaram-se na fronteira, em Badajoz. O Ano Velho estivera trezentos e sessenta e cinco dias em Portugal; recolhia enfastiado e embrutecido; tinha os dedos queimados do cigarro; levava o estômago estragado da mesa do hotel; ia ressequido da falta de banhos; palitava os dentes com as unhas; sabia ajudar à missa; assoava-se a um lenço vermelho; perguntava a todo o propósito que há de novo? — e era reformista. Estava aportuguesado. Ano Novo, esse, saía da frescura do Céu.

Cumprimentaram-se, risonhamente.

E no silêncio da noite, à sombra dos muros de Elvas, de onde nós escutávamos, palpitou entre os dois, vivo e rápido, este diálogo:

Ano Novo (preparando a carteira e o lápis):

— Este país em que vou entrar é uma monarquia ou uma república?

Ano Velho (gravemente):

— As geografias dizem que é uma monarquia...