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A criança cresce na mentira. — «E um cesto roto esta criança» — diz a família rindo. E não sabem que o «cesto roto» fará depois um intrigante, um falso, um caluniador, um intrujão. Às meninas sobretudo (como se supõe que elas não terão relações oficiais ou publicidade de vida em que a mentira possa prejudicar) consente-se a mentira, como uma vivacidade inofensiva! Inofensiva! como se não importasse menos que o homem minta na publicidade da rua — do que a mulher no recato da família. O caso é que Bebé, o loiro, o engraçado anjo — mente!

Além disso é curiosa. Não o diremos inteiramente como um defeito. A curiosidade tem sido muito caluniada: e este nobre impulso humano é quase sempre considerado como um simples vício de criado. No entanto da curiosidade proveio toda a civilização, a Ciência, a Filosofia, as invenções, as descobertas de continentes: toda a

História, toda a Crítica, é obra da curiosidade. Ela é a viagem perpétua que o homem faz através dos factos e das ideias. Grande instrumento de acção, decerto! Mas é necessário saber como a educação o dirige. Descobrir a América e escutar a uma porta — são dois