Página:Uma campanha alegre v2 (1891).pdf/152

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virtude plebeia. O que se pede é a comoção, a sensação, o sobressalto. Uns procuram-na na política, outros no deboche, outros nas conspirações, outros no amor, outros no dinheiro. Um negociante dizia um dia a Proudhon: Há um prazer horrível em um homem se sentir falir! Esta palavra monstruosa contém a explicação de um mundo. Toda a literatura, teatro, romance e ver-sos educam neste sentido: vibrar, sentir fortemente. Nós mesmos, que estamos aqui moralizando, escrevemos ambos um livro deplorável, que juntava à insignificância literária, a esterilidade moral — O Mistério da Estrada de Sintra. O que é esse livro? A idealização da catástrofe, o encanto terrível das desgraças de amor. Sobretudo do amor ilegítimo e culpado. Aí o perigo, o final trágico, atraem como um abismo delicioso. O marido que mata a mulher, pensando dar um castigo justo ao pecado, dá um relevo poético à paixão. O conde du Bourg, ultimamente, em Paris, mata sua mulher: ela não morre das feridas: e subitamente, torna-se uma espécie de anjo veemente dos amores ilegítimos, e a porta do hospital onde a recolheram à pressa para os primeiros socorros

(fora ferida em casa do amante) está apinhada de senhoras, de elegantes, de mundanos, que pedem notícias dela, deixam-lhe os seus bilhetes, e vão às igrejas pedir a Deus que a salve da morte.