Página:Uma campanha alegre v2 (1891).pdf/17

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para os sustentar, cabeças novas de merceeiros, que pagam para isso ao Governo.

— Ainda bem! fale-me agora do povo...

— É um boi que em Portugal se julga um animal muito livre, porque lhe não montam na anca;

— e o desgraçado não se lembra da canga!

— E a burguesia?

— Chuta! Mais baixo! Esse é o nome de desprezo com que os tendeiros enriquecidos que já descansam, fulminam os tendeiros pobres que ainda trabalham.

— E este País, que crédito tem entre os outros, para além dos Pirenéus?

— Portugal, lá fora, é estimado pela laranja.

— E a diplomacia?...

— Cada Governo, meu amigo, costuma mandar como embaixadores para fora, aqueles que não quer ver dentro como chefes da oposição. Na realidade os diplomatas são como os criados que os companheiros mandam espreitar para a sala — para eles comerem mais à vontade na cozinha.

— Tem viajado decerto, amigo. Fale-me das cidades... Há boas estradas?

— Há: mas estão todas na secretaria das obras públicas, para não se deteriorarem.

— E o caminho de ferro?

— É novo em Portugal, gatinha ainda.