— Mas... E o Porto o que é?
— Uma terra onde se é negociante para ter os meios de fingir que se é aristocrata.
— E Coimbra?
— Uma cidade onde o município não varre as ruas para não perturbar os que estudam — enquanto os que estudam, com o barulho que fazem na rua, não deixam dormir o município.
— E Lisboa, enfim?
— Lisboa é a cidade onde Melício habita. De resto uma burguesa que desejaria parecer-se com uma cocotte — se pudesse costumar-se a lavar os dentes.
— Mas então os Portugueses não são escrupulosos no asseio?
— Outrora, colega, quando os criados inexperientes dos hotéis viam chegar o viajante português, traziam-lhe, como a todos, uma tina cheia e fresca. E o Português respondia invariavelmente: «obrigado, não tenho sede!»
— Mas a vida elegante de Lisboa?
— É não ser cigarreiro da fábrica de Xabregas. Tudo o mais é elegante.
— E os Portugueses são inteligentes ao menos?
— Foi o ABC que espalhou isso — vaidoso de que o tivessem compreendido!
— E a família?...