Página:Uma campanha alegre v2 (1891).pdf/217

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existe uma incuravel rivalidade moral, social, elegante, commercial, alimenticia, politica, entre Lisboa e Porto, Lisboa inveja ao Porto a sua riqueza, o seu commercio, as suas bellas ruas novas, o conforto das suas casas, a solidez das suas fortunas, a seriedade do seu bem estar. O Porto inveja a Lis. boa a Côrte, o Rei, as Camaras, S. Carlos e o Martinho. Detestam-se. As damas de Lisboa riem-se da pouca distincção, da pequena sciencia, da falta de chic, e de que das toilettes do Porto? O Porto, rubro de odio, cobre as suas senhoras da sumptuosi. dade dos estofos e das faiscas dos diamantes.

Lisboa tinha toiros. O Porto quiz ter este bom tom de leziria. Mas faltava-lhe o bom gado, os artistas, a faisca da troça, o estonteado especial, o sal das toiradas d’aqui. Ah sim! Em logar de uma praça o Porto ergue duas. Mas consegue apenas ser duas vezes peior. Bem! O Porto, sorri-se e para se des. forrar faz corridas de cavallos. Grande troça nos sportmen a pé do Chiado: vamos batel-os, diziam, vamos batel-os desalmadamente. Chegaram lá; fo. ram chatamente batidos.

O Porto tinha a Foz, praia de banhos, rica, de um grande pittoresco de paizagem. Lisboa, rancorosa, improvisa Cascaes, sitio enfesado entre pinheiros ethicos e rochedos de opera comica.

Os poetas do Porto fazem sorrir; no Chiado, os