Página:Uma campanha alegre v2 (1891).pdf/251

Wikisource, a biblioteca livre

é um ocioso, é um voluptuoso. A sua distinção honra a civilização e o luxo; a cidade por vezes tem orgulho nele; Alcibíades, crévé, foi uma glória de Atenas, e Plutarco narrou-o. Não é por mal que o celibatário olha: é por obrigação da sua profissão, é por dever de ofício. Não é com intenção fatal que ele faz a sua corte a uma mulher; é porque, se conhece uma mulher, se é recebido em sua casa, tem obrigação de lhe fazer a sua corte. Fazer a sua corte — é necessário que saibam — é uma coisa muito diferente de fazer a corte.

Fazer a corte é olhar de longe, seguir, adivinhar a mulher, procurar falar-lhe, ter a atitude sentimental. Se o celibatário faz a corte é porque não é da intimidade da casa, ou está posto em suspeição pela desconfiança marital. Opera de longe, com largos voos.

Não é perigoso.

Outra coisa, porém, é o celibatário que faz a sua corte. Fazer a sua corte é sentar-se ao pé de uma mulher, fazer-lhe uma conversa interessante, provocar-lhe o espírito, dar-lhe o braço à saída, pôr-lhe o seu burnous com as pontas dos dedos. Diz-se muito legitimamente a um marido: Vou fazer a minha corte à tua mulher. Por coisa alguma se lhe diria, sob pena de bengaladas, vou fazer a corte a tua mulher. O que faz a sua corte

é sempre íntimo de casa: tem o seu talher, ri em segredo com madama,