O negro acabou a frase batendo com os dedos no cabo de uma faca que trazia à cinta.
— Ah! Pois você meu filho!...
— Aqui não há filho nem pai, há vingadores!
— Meu José, você fala em vingadores como se lhes houvessem feito mal.
— Como! Não me fizeram mal! Então aquela prisão?... os maus tratos?...
— Ora! Ora! No tempo em que o açoute lhe rasgava a pele, você só pedia perdão, e agora está aí com delicadezas.
— Eh! Não te lembras de eu ter dito que pedia perdão só para ganhar a ocasião de dar no senhor a foiçada com que o mandei para o inferno noutro dia?
— Lembro-me, lembro-me!... Como era você fingido! Apre!...
— Pai!
— Meu filho, eu, que te vi de joelhos diante do senhor, que te vi depois de fouce erguida, não te julgarei hipócrita, fraco diante do forte e forte diante do fraco?!
— Cala-te! gritou o miserável negro desembainhando a faca e brandindo-a sobre a cabeça do pai.
— Perdão, José! Perdoe-me! exclamou o velho segurando o pulso do assassino.
— Perdôo-te, mas deixa-te de censuras! Não quiseste matar o senhor, mas te aproveitaste do que os outros fizeram.
— Ah! o cativeiro! o cativeiro!...
— Pois, se temes o cativeiro, hás de fazer o que quisermos. Hás