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mãe às mãos da morte, e prostrada rendeu graças ao Senhor.

Pobre Úrsula!...

Era esse o dia destinado, e há tanto esperado, para ela informar sua mãe sobre a entrevista da mata, e começava já a dispô-la para esse fim, quando bateram à porta.

Ela levantou-se precipitadamente, e foi abri-la: era um escravo, que inqueriu:

— A senhora Luísa B.?

— É minha mãe – tornou a moça.

— Fazei-me o favor de entregar-lhe essa carta, minha senhora.

— Sim – tornou Úrsula, e acrescentou: – Não se poderá saber donde veio?

O negro, sem dar resposta, saudou-a humilde e respeitosamente, e picando o cavalo, seguiu a trote largo pela imensidade do campo.

A moça voltou para junto de sua mãe, e apresentou-lhe a carta, trêmula e desassossegada.

— Uma carta! – exclamou esta. – E donde virá ela? Lede-a, minha filha.

Úrsula quebrou o selo da carta, e reprimindo sua inquietação, começou nestes termos:

Luísa, minha cara irmã.

— É de teu tio – exclamou a mãe, confusa, e assustada. – Que me quererá?

Úrsula comprimiu com as mãos a fronte, que súbita dor acometera. Uma vertigem lhe obscureceu a vista; mas acalmando-se-lhe o natural sobressalto, continuou a ler:

É necessário que nos vejamos ainda uma vez na vida,