brada contra a barbaria e rotina da nossa lavoura semisselvática, via despontar o sol por sob a orla azul dos horizontes, espalhando com seus raios de fogo a luz por toda a parte e destruindo como por encantamento a neblina, que qual denso véu encobria aos olhos madrugadores toda aquela paisagem!...
Aí de novo entregue a seus pensamentos, Úrsula perguntava a si própria a causa de seus sofrimentos, e às vezes chegava a persuadir-se que seu fim estava próximo, e sorria-se. Pobre menina!...
Quando o sol tingia de cor dourada os cocares das palmeiras, ela voltava ao lar materno para continuar a desempenhar a penosa tarefa de que se havia incumbido. E a pobre mãe exultava de vê-la tão meiga, tão generosa, e tão compassiva.
Ninguém em casa sabia dos seus passeios matinais, e ninguém os adivinhava, e por isso esperava com ânsia o romper do dia: e a hora em que a natureza desperta, só, e sem temor, tomava o caminho que bem lhe convinha e ia conversar com a solidão, essa conversa que só Deus compreende, e quando voltava achava-se mais aliviada.
Úrsula enganava-se – cada dia mais se agravavam seus males.
E o cavaleiro, quase que inteiramente restabelecido, apenas ressentindo-se algum tanto do pé, dispunha-se com efeito para a partida; e em seu coração havia bem profundas saudades; porque nessa habitação encontrara vida e acolhimento. Aí alguém lhe prendera o coração, e o mancebo, cheio de amor e de gratidão, sentia deslizarem-se-lhe os dias breves e risonhos. Entretanto a sua partida era infalível; mas ele não podia afastar-se daqueles lugares sem ter uma