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Página:Versos da mocidade (Vicente de Carvalho, 1912).djvu/58

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VERSOS DA MOCIDADE




Sonho acabado, onde já vais!... Nós iamos
   Pela ezistencia fóra,
De braço dado, a rir e a doudejar.
Cantava o amor nas frazes que diziamos
Eu enlevado, tu enrubecida...
E era um raiar magnifico de aurora
   — No ceu da minha vida
   A luz do teu olhar.

   Um murmurinho vago,
Canto de dous implumes passarinhos,
Eis o que era esse amor injenuo e doce.
Aza de garça que roçou num lago,
Sopro de arajem balouçando ninhos,
Languido aroma de uma flor silvestre,
Passou por ti... passou... evaporou-se...



Quando voltei, depois da longa auzencia,
De tantos anos de saudade inutil,
Eras uma senhora altiva e futil
A quem os homens davam Excelencia.