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Página:Versos da mocidade (Vicente de Carvalho, 1912).djvu/59

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ARDENTIAS
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Hoje, quando me encontras por acazo
Num desses bailes onde resplandeces,
E sobre mim (ó merencorio ocazo
De um lindo dia!) o olhar tranquilo déces,
   Teu seio alabastrino
Já não palpita como palpitava...

Não estremece o marmore divino!

Hoje és deuza e rainha... Após teus passos
Referve um turbilhão de adoradores,
E desfolham-te aos pés frazes e flores
   Os corações devassos
   De cem conquistadores.

E’s bonita, elegante, dezenvolta;
Tens sobre as almas um dominio estenso;
E vais seguindo pela vida, envolta
   Numa nuvem de incenso.

   Melancolicamente
   Eu ponho-me a cismar
Na criança que amei, alma inocente,
Timida flor selvajem que a corrente
   Arrastou para o mar...