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Página:Versos da mocidade (Vicente de Carvalho, 1912).djvu/60

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VERSOS DA MOCIDADE


   Eu dou razão inteira
A’ turba que te segue e te apoteóza:
Os teus labios são como uma rozeira,
Os teus sorrizos são botões de roza...

   Deus, por certo, creou-te
Para inspirar arrojos de lirismo:
Os teus olhos, escuros como a noute,
   Têm atrações de abismo.

   Bem mereces, por certo,
O amor de tanto coração constante
Que se mata a seguir teu vôo incerto
   De borboleta errante.

   Formoza! Sim, confesso que és formoza,
Ai, reconheço que és encantadora.
Botão que amei, dezabrochaste em roza...
E amo-te? Isso não sei, minha senhôra.

Quando te fito, acodem-me á lembrança
Uns amores que tive, e que perdi...
Eu amo sempre a que adorei criança,
A que tu foste, a que morreu em ti.