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Acabado isto, tomou conta da mulher, que já não chorava, e sim principiava a rir-se, e assim voltaram para casa como se nada tivesse acontecido.

 


CAPITULO XVI

Outras leis para os escravos.


Consistem as outras leis, em não poderem os escravos, de ambos os sexos, casarem-se senão á vontade dos seos senhores, porque tanto uns como outros moram juntos e seos descendentes pertencem ao mesmo domno.

Os selvagens Tupinambás tomam ordinariamente para mulher as raparigas captivas, e dão suas proprias filhas ou irmans aos mancebos escravos afim de cuidarem no arranjo da casa e da cozinha.

Praticam o contrario os francezes, porque compram homens e mulheres escravas para casal-os, ficando a mulher com o dever de cuidar no arranjo da casa, e o marido com o de ir pescar e caçar.

Se acontece um francez comprar alguma rapariga escrava, mostra-a a algum joven Tupinambá, que morre de amores pelas que são bellas, depois promette-lhe que será seo genro pois ama sua escrava como si fosse sua propria filha para assim vir o Tupinambá morar com elle, casar com a rapariga, e por esta forma ter por uma escrava dois escravos, a quem trata por filha e genro, e elles o chamam seo Cheru, isto é, seo Pae.