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Ai! que poeta ou que novellista soube nunca pintar um padecer como eu experimentei n’aquella hora?

Não sei o que fiz nem o que disse; não me recordo senão que senti as lagrymas de Julia cahirem-me sôbre a face e misturarem-se com as minhas que corriam em abundancia. Levantei os olhos para ella, e a expressão que vi nos seus... oh! como a heide esquecer nunca?

Quanto ha de piedade e compaixão no thesouro infinito de um coração feminino se derramava d’aquelles olhos celestes para me consolar. Lá não ficava senão uma tristeza profunda, desanimada e mortal...

Não sei que vago pensamento, que idea louca... ou antes, que presentimento indeterminado e confuso me atravessou pelo espirito — ou sería pelo coração? — n’aquelle momento...

Se Julia?..

Mas não póde ser.