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Vidas Seccas
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pondia tocando na beira do chapeo de palha, virava-se para um lado e para outro, abrindo muito as pernas calçadas em botas pretas com remendos vermelhos.

Em horas de maluqueira Fabiano desejava imital-o: dizia palavras difficeis, truncando tudo, e convencia-se de que melhorava. Tolice. Via-se perfeitamente que um sujeito como elle não tinha nascido para falar certo.

Seu Thomaz da bolandeira falava bem, estragava os olhos em cima de jornaes e livros, mas não sabia mandar: pedia. Exquisitice um homem remediado ser cortez. Até o povo censurava aquellas maneiras. Mas todos obedeciam a elle. Ahn! Quem disse que não obedeciam?

Os outros brancos eram differentes. O patrão actual, por exemplo, berrava sem precisão. Quasi nunca vinha á fazenda, só botava os pés nella para achar tudo ruim. O gado augmentava, o serviço ia bem, mas o proprietario descompunha o vaqueiro. Natural. Descompunha porque podia descompor, e Fabiano ouvia as descomposturas com o chapeo de couro debaixo do braço, desculpava-se e promettia emendar-se.