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SENHORAS
2 Em breve o vosso dinheiro
Vos dará tal importancia,
Que de serdes baroneza
Tereis a nobre jactancia.
3 Não por vossas qualidades,
Mas por vossas amizades;
Pois hoje o merito é nada
A's patrias necessidades.
4 Dizem que o vosso marido
Será feito cavalleiro;
Que milagre! Elle na industria
Já é veseiro e useiro,
5 Vós não sereis; mas será
Um alguem que vos quer bem;
E que vos tem tanto amor
Como aqui não tem ninguem!
6 Esperai, esperai muito,
Que ainda entre nós será
O esposo que tiverdes,
Barão de Cacaracá.
7 Se sereis! E deve ser
Do desembargo do Paço;
Elle é bello, vós quereis,
Não ha nenhum embaraço.
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HOMENS
2 Sim, pois que a vosso respeito
Sabe muito o ministerio;
Esperai, que deportado
Ireis p'ra fóra do imperio.
3 Esperai p'ra quando fôrdes
Algum desses tubarões
Que vêm dos mares de Africa
E aqui arrotam milhões!
4 Apezar de ser quem sois,
De serdes já tão mal visto,
Inda pilhareis a fita
De Cavalleiro de Christo.
5 Se quereis fazer-vos grande,
Furtai, porém reparti;
Se quereis ser despachado,
Adulai sempre, e menti.
6 Sim; porém o caso é fino
Pois vos deve ser sciente
Que a graça fica em futuro,
Quando se não faz presente!
7 Como sois bello e gentil,
E muito tratante moço,
Ganhareis ainda, amigo,
Um laço para o pescoço.
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SENHORAS
8 Elle diz que muito espera
Por vossos olhos formosos,
Que até despacham á gente
Innocentes ou raivosos.
9 Sereis inda baroneza
Por casamento que eu sei,
Mas o barão será antes
Afamado urubù rei.
10 Sereis, que vosso marido,
De mui alta condição,
Vos mostrará que ha de ser
lnspector de quarteirão.
11 Ai, senhora, e desejais
Cousas que nem vêm, nem vão,
Que agora trazem nos bolsos
Para breve occasião?
12 Ha de custar ao marido,
Que tanto lhe occupa a idéa,
Mais do que de vossas modas
A mais bonita tetéa.
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HOMENS
8 Não espereis por despacho
Senão de moça bonita;
Os outros... são cousas de velhas
Em que ninguem acredita.
9 O destino ha de abrandar-se,
E para vós será grato,
Que ainda por um despacho
Sereis capitão do matto.
10 O vosso caro despacho
Depende agora de um sim;
Não o lavrará um ministro,
Porém meigo Serafim!
11 Alerta! De noite e dia
Sobe do ministro a escada;
E no dia dos despachos
Lereis nos diários— NADA!
12 Póde ser que algum ministro,
Tal cousa venha a fazer;
Dar fitas a um basbaque
Que nem sabe o que ha de ser!
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