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SENHORAS
2 Quereis antes que vos diga
Que de má, não é assim?
Ninguem deseja ser feia,
Porém vós o sois por fim.
3 No genio sois tão immensa
Como um vil surucucú;
Na belleza não se fala,
Que sois mesmo um baiacú.
4 De ser má: pois sois bonita
E tratais a todos mal,
Só é feliz para comvosco
Um aprendiz do Arsenal.
5 De má, porque do marido
Beliscais sempre a caréca;
De feia porque sois mesmo
Uma grasnenta marreca.
6 De feia, que chamam feia,
Toda a moça, inda que bella,
Que trata pouco de si,
Como de uma bagatella,
7 De feia, sendo bonita,
E de má, sendo tão boa!
Aqui ha cousa, senhora,
O mundo não fala á tôa.
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HOMENS
2 Sois máo, mas não para as moças,
Pois para ella sois feio;
Por isso a vossa vos deixa
Por um moço do Correio.
3 Não vos acha ninguem bom,
Que para todos sois máo;
Té tendes para ser feio
O nariz de picapáo.
4 Tendes orelhas de onça,
E um pescoço largo e longo;
No buço então não falemos
Que é pêllo de camondongo.
5 Sois máo, sois muito iracundo,
E campais de ser bonito,
Com esse nariz de arára,
E esses pés de periquito.
6 Apêzar de serdes bom
E' vossa indole má;
Sois bonito, mas o corpo
Tem catinga de gambá.
7 De máo; vosso coração
Goza assim tão boa fama;
De feio, que o vosso rosto
Até crianças desmama.
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SENHORAS
8 De feia, sendo bonita,
E não é mesmo um descôco?
Chorai sempre; mas, menina,
Quem matou vosso cabôclo?
9 De má, que o vosso amantetico
Diz que não quereis amal-o,
Pois morreis por um que vende
Batatas de Cantagallo.
10 Sois feia, porém sois boa,
Tendes p'ra tudo um geitinho...
Que não ha quem vos não queira,
Para ser o seu bemzinho.
11 De má, não sois, mas comtudo,
Muito má vós pareceis,
E sendo tão boazinha,
Não sabeis quanto perdeis!
12 De má! Por isso acho tendes
Quem para seu desafogo
Vos deseje ver arder
Como boneca de fogo.
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HOMENS
8 Não ha quem vos possa ver,
Que diga quem está ahi;
Ora o mundo tem razão,
Que sois mesmo um jaboty.
9 O nariz qual Pão de Assucar,
Corcunda qual Corcovado,
No genio onça bravia,
Eis como sois retratado.
10 No genio sois meigo e terno,
Na figura... bagatella,
Passais só por ser mais feio
Que a carranca da capella.
11 Caluda, a este respeito
Nada diz-se na verdade;
Oh! que homem tão ditoso!
Que perfeita nullidade!
12 De máo ou feio? — De ambas,
Ambas as cousas, tareco;
No genio sois um corisco,
E na figura um marreco.
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