Pau Brasil/2
HISTORIA DO BRASIL
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Paschoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
Mostraram-lhes uma gallinha
Quasi haviam medo della
E não queriam pôr a mão
E depois a tomaram como espantados
Depois de dansarem
Diogo Dias
Fez o salto real
As meninas da gare
Eram tres ou quatro moças bem moças e bem
gentis
Com cabellos mui pretos pelas espadoas
E suas vergonhas tão altas et tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tinhamos nenhuma vergonha
Porque a mesma terra he tal
E tam favoravel aos que a vam buscar.
Que a todos agazalha e convida
Tem a forma de hua harpa
Confina com as altissimas terras dos Andes
E fraldas do Perú
As quaes são tão soberbas em cima da terra
Que se diz terem as aves trabalho em as passar
Salubridade
O ser ella tam salutifera e livre de enfermidades
Procede dos ventos que cruzam nella
E como todos procedem da parte do mar
Vem tam puros e coados
Que nam somente nam danam
Mas recream a accrescentam a vida do homem
Systema hydrographico
As fontes que ha na terra sam infinitas
Cujas aguas fazem crescer a muytos e muy
grandes rios
Que por esta costa
Assi da banda do Norte como do Oriente
Entram no mar oceano
Paiz do ouro
Todos tem remedio de vida
E nenhum pobre anda pelas portas
A mendigar como nestes Reinos
A esta fruita chamam Ananazes
Depois que sam maduras tem un cheiro muy
suave
E como-se aparados feitos em talhada
E assi fazem os moradores por elle mais
E ós tem em mayor estima
Que outro nenhum pomo que aja na terra
Muitos metaes pepinos romans e figos
De muitas castas
Cidras limões a laranjas
Uma infinidade
Muitas cannas daçucre
Infinito algodam
Tambem ha muito páo brasil
Nestas capitanias
Ha certo animal se acha tambem nestas partes
A que chamam Preguiça
Tem hua guedelha grande no toutiço
E se move com passos tam vagarosos
Que ainda que ande' quinze dias aturado
Não vencerá distancia de hu tiro de pedra
CLAUDE D’ABBEVILLE
Les femmes n’ont point la lèvre percée
Mais en récompense
Elles ont les oreilles trouées
Et elles s’estiment aussi braves
Aves des rouleaux de bois dedans les trous
Que font les dames de pardeça
Avec leurs grosses perles et riches diamants
Cette coustume de marcher nud
Est merveilleusement difforme et deshonneste
N’estant peut estre si dangereuse
Ni si attrayante
Que les nouvelles inventions
Des dames de pardeça
Qui ruinent plus d’âmes
Que ne le font les filles indiennes
Il y a une fontaine
Au beau milieu
Particulière en beauté
Et en bonté
Des eaux vives et très claires
Rejaillissent dicelle
Et ruissellet dedans la mer
Estant environnée
De palmiers guyacs myrtes
Sur lesquels
On voit souvent
Des monnes et guenons
Cultivam-se palmares de cocos grandes
Principalmente á vista do mar
Ha aguias de sertão
E emas tão grandes como as de Africa
Umas brancas e outras malhadas de negro
Que com uma aza levantada ao alto
Ao modo de vela latina
Correm com o vento
Posto que alguma
Pelo amor que lhe tem
Solta também o preso
E se vae com elle pera suas terras
Ao redor desta villa
Estão quatro aldeias de gentio amigo
Que os padres da Companhia doutrinam
Fóra outro muito
Que cada dia desce do sertão
Partirei
Com quarenta homens brancos afóra eu
E meu filho
E quatro tropas de mossos meus
Gente escoteyra com polvora e chumbo
Vossa Senhoria
Deve considerar que este descobrimento
E’ o de maior consideração
Em rasam do muyto rendimento
E tambem esmeraldas
As mulheres andam tão louçãs
E tão custosas
Que não se contentam com os tafetas
São tantas as joias com que se adornam
Que parecem chovidas em suas cabeças e gar-
gantas
As perolas rubis e diamantes
Tudo são delicias
Não parece esta terra senão um retrato
Do terreal paraizo
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para peor pió
Para telha dizem têia
Para telhado dizem teado
E vão fazendo telhados
Tendo pensamenteado toda a noite
Assentei passar revista aos Granadeiros
Assim se os enxergar esta tarde no Rossio
Não assente ver Bernarda
Encumbi ao Miquilina
E ao Major do Regimento dos Pardos
Para virem me dar parte
De tudo que se disser pelos Botequins
Estimarei que approve esta medida
E assento que melhores
E mais fieis e adherentes á causa do Brasil
Do que os Pardos meus amigos
Ninguém
Esta obra entrou em domínio público pela lei 9610 de 1998, Título III, Art. 41.
Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1930 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.