Poesias (Zaluar)/1
POESIA I.
A. J. DE SOUSA ALMADA.
De saudades e desejos
Os meus cantos só componho:
Se algumas horas me riem
São cartas horas d’um sonho.
Leia-me a virgem que á tarde
A hora em que baixa o sol,
No jardim passeia e pára
Quando escuta o rouxinol.
Castilho — Amor e Melancolia.
Eu não invejo disputar aos bardos
Seus cantos immortaes!
Aos tristres só consagrarei meus hymnos,
A elles os meus ais!
São filhas da tristeza e da saudade
Estas singelas flores, —
São colhidas pela mão do infortunio
Com espinhos e dores!
Qual secca folha ao tronco desprendida,
Que o vento arrebatou,
E pelos campos sem destino ou rumo
Solitaria vagou!
Assim os versos meus irão perder-se
Em ludibrio da sorte,
Até quebrar-se a lyra do poeta
Ao seu hymno de morte!
Mas lá na pedra rasa irás gravar-me
′Saudade ao trovador!’
Ajoelhar depois, — e sobre a campa
Irás chorar-me a dor.
Tú que foste do bardo o companheiro,
E gemeste comigo,
Oh! não! não esquecerás os tristes versos
Do teu fiel amigo—
A ti, — mais aos sinceros companheiros
D’esta nossa amizade
São testemunhos, que pintar-lhe podem
Uma eterna saudade!
Por isso — me não leia o rico altivo,
Nem o nobre orgulhoso, —
Só me escute, o que entender os prantos
Do bardo desditoso!
12 de Julho de 18...
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