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Poesias (Zaluar)/3

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POESIA III.

 

 
HYMNO Á PRIMAVERA.
 

Presentindo a Primavera
Borbulhaste, amendoeira,
E no toucar-te de flores
Forte, oh gentil, a primeira.

 

P. e Lvncastre — R. U.

 

entr’ os campos de verde esmaltados
As mil boninas florejam viçosas!
A Primavera sorri-se encantada
Nos bosques de cedros, — nos prados de rosas!

As vagas murmuram seu hymno sentido,
A aurora renasce com mais esplendor!
A noite coroada d’estrellas luzentes
Reflecte nas ondas seu vivo fulgor!

Os bosques copados de verde ramagem
Susurram com brisas a meiga canção;
E a linda pastora da flor estremada
Resguarda no seio mais lindo botão!

E solta do peito seus ternos queixumes
O mago cantor, que nas selvas s’escuta!
Despenham-se as agoas da fonte chorosa
Os sons repetindo nos echos da gruta!

E tecem grinaldas as filhas dos campos
Toucadas as frontes de brancos jasmins,
Nas fendas das rochas o musgo desponta
Mais livre que a flor captivada em jardins.

Por entre essas gallas de luz e mysterio
Eu vejo a natura louçã despontar,
Um sorriso da noite o fulgor abrilhanta,
Um sorriso desponta d’aurora a raiar.

 

Abril de 1844.

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