Refutação de todas as heresias/IV/XIII

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Certamente, aderindo parcialmente a estes, como se tivessem proposto grandes conclusões e coisas supostamente racionais, nós observamos heresias enormes e sem fim; e uma dessas é a de Colarbaso[1], que tenta explicar a religião com medidas e números. E outros que estão (agindo) da mesma maneira, cujas doutrinas devemos começar a explicar quando começarmos a falar das preocupações daqueles que seguem os cálculos pitagóricos, assim que possível; e também profecias completamente inúteis, que rapidamente são admitidas[2] como filosofia segura, por números e elementos. Certos (especuladores), apropriando-se[3] de raciocínios parecidos a esses, enganam indivíduos ingênuos, alegando que eles mesmos são dotados com clarividência[4]; algumas vezes, após proferirem muitas predição, acontece um único acerto, e não é envergonhado por muitas falhas, assim gabando-se deste único acerto. Não devo eu deixar passar a filosofia patética destes homens; mas, após a explicar, eu devo provar que aqueles que tentam formam um sistema religioso com esse (elementos), são discípulos de uma escola[5] fraca e cheia de desonestidade.

Notas[editar]

  1. Colarbaso é mencionado posteriormente juntamente com Marcos, o herege, no começo e no fim do sexto livro desta série.
  2. Esta palavra (sleoiazousi), bastante usada por Hipólito, é aplicada para qualquer coisa de segunda mão, e.g. um discurso improvisado. Portanto isso designa imaturidade de opinião. Sxediameans (significa) algo colocado junto rapidamente, por exemplo, uma pilha de qualquer coisa; sxeoioj, de repente.
  3. Schneidewin sugere omwj em vez de oimoiwj. A palavra ehanisamenoi, "apropriar-se", é derivada de eranoj, que significa uma refeição em que todos os participantes trazem um prato (piquenique). Por isso esse termo tem um uso expressivo para Hipólito.
  4. Proynwstikouj. Alguns leriam proj ynwstkouj.
  5. Alguns propôem dochj, "opinião". Hipólito, entretanto, usa a palavra oizhj, "escola" da mesma forma no fim do primeiro capítulo do quarto livro. "Novidade" é lida em vez de "desonestidade"; e para anapleou, "cheio", é proposto anapleontaj ou anapterountaj.