Refutação de todas as heresias/IV/XLVI

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Tendo suficientemente explicados essas opiniões, passemas para a consideração do tópico em mão, a fim de que, provando que determinando certas heresias, e compelindo seus (líderes) a retornar a esses muitos (especuladores) a suas doutrinas peculiares, nós devemos mostrar que os heresiarcas são destituídos (de um sistema [original]); e ao proclamar a insensatez daqueles que são persuadidos (por esses doutrinas heterodoxas), nós devemos preponderar para fazer voltá-los para o abrigo sereno da verdade. Na ordem, porém, que as afirmações ficam mais claras para os leitores, é pertinete também anunciar as opiniões de Arato a respeito da disposição das estrelas dos céus. (E isso é necessário), visto que algumas pessoas, assimilando essas (doutrinas) com as da Escrituras, convertem (os ensinamentos santos) em alegorias, e se esforçam para seduzir a mente daqueles que estudam suas (doutrinas), puxando-os em palavras razoáveis para admitir quaisquer opiniões que eles desejam, (e) exibindo como uma estranha maravilha, como se as afirmações feitas por eles fossem colocadas entre as estrelas. Eles, entretanto, contemplando a verdadeira maravilha, admiradores de insignificâncias, ficam fascinados como um pássaro chamado coruja. O animal (de que eu falo) é, entretanto, não muito diferente de uma águia, nem em tamanho ou aparência, e é capturado da seguinte maneira: o caçador destes pássaros, quando vê um grupo deles descansando em qualquer lugar, balançando suas mãoe em uma distância em que finge dançar, e então aos poucos se aproxima dos pássaros. Mas eles, impressionados com a visão estranha, ficam distraídos e não percebem o que acontece a sua volta. E os outros caçadores, que vieram equipados para isso, vêm por trás dos pássaros, facilmente pegam eles enquanto olham para o dançarino.

Por isso eu desejo que ninguém, impressionado com as maravilhas daqueles que interpretam o (aspecto do) céu, devem, como a coruja, ser levados cativos. Porque o embuste praticado por esses especuladores podem ser considerados dança e bobagem, mas nunca verdade. Arato[1], portanto, expressa-se assim:

"Assim como muitos são; perto e longe enrolam
Dia por dia pelo céu, sem fim, sempre (isto é, toda estrela)
Ainda o declínio não é pequeno; mas assim exatamente
E permanecem com eixos fixados e equilibrados em toda parte
Colocam a terra no meio, e conduzem eles mesmo o céu."

Notas[editar]

  1. Arat., Phaenom., v. 19 et seq.