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CANTO I.
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E só tristes gemidos exhalava;
Como o guará, que perde as alvas pennas 3
E novas porém negras só lhe crescem,
E de tão lindo que era e tão garboso,
Adejando ligeiro á flôr do lago,
Co’o rostro ora ferindo-o, e contemplando
Sua imagem no meio de mil orbes,
Que iam delineando as moveis aguas;
Ora curvando a aquatica vergontea
Co’o peso de seu corpo, qual esbelta
Virgem que em bamba corda se embalança;
Ora emfim alongando o airoso collo
Como uma flauta eburnea, a voz soltava;
De tão lindo qu’elle era, se transforma
Em passaro funéreo, e fugitivo
Geme, como carpindo a perda sua,
E nem ousa mostrar-se envergonhado,
Até que o lucto em purpura se muda
Co’as plumas novas, que lhe crescem rubras.

Assim fugiste, oh cara liberdade,