A Arte Culinária na Bahia/Da sobremeza bahiana
Inteiramente nulla foi, entretanto, a influencia africana no preparo de doces e gulozeimas de sobremesa, ao contrario do regime alimentar.
Os conventos da capital e alguns estabelecimentos profanos tiveram notoria nomeada no enfeite e acondicionamento de bandeijas de doces finos, destinada a casamentos, baptisados, bailes e banquetes. A variedade desses doces, tanto em calda como seccos, ainda hoje tem muito apreço, principalmente os de calda, trabalhados em fructas do paiz como: araçá, laranja da terra, caju, genipapo, limão, cydra, banana, abacaxi, manga, mangaba e outras.
Entre os doces seccos sobresahem: o pão-de-ló, o bolo inglez, sequilhos, pasteis, bolaxinhas de gomma, etc.
O Convento da Soledade sempre se avantajou aos demais no preparo de doces, sendo frequentes as encommendas para fora do Estado, e até para o estrangeiro.
O Convento do Desterro, de preferencia, ainda fabrica uma farinha alimentar, muito recommendada aos convalescentes. Em sua composição, entram o milho, a araruta, a tapioca e farinha de trigo.
Fabricam ainda as franciscanas do Desterro uma geléa muito fina, cuja matiria prima é constituida dos tecidos que cobrem os ossos superiores ás patas dos bovinos.
É alimento destinado ás pessoas accommettidas de affecção pulmonar.
As religiosas da Lapa trabalham admiravelmente em doces de banana, queimados de agua de flor, e em xaropes de angico e de babosa (aloés), especifico das molestias do apparelho respiratorio, e bem assim em saborosas cangicas de milho verde.
No Convento das Mercês fazem-se doces de qualidades differentes, e tambem confeitos que são engastados em ramos de folhetas.
Assim, cada estabelecimento religioso da Bahia possue a sua especialidade.
Além das fructas cultivadas no Estado, entre as quaes sobresaem a inexcedivel laranja do Cabula (subúrbio da capital), a manga de enxerto de Itaparica, o Imbú sertanejo, as uvas brancas de Itiúba e Joazeiro, enfeitam a sobremesa bahiana estes outros saborosos pratos.