A Luneta Mágica/II/XXV
Que noite de cruel vigília ainda mais cruel do que tantas outras, cujos horrores já havia provado!
Eis-me pois ainda mil vezes mais desgraçado do que dantes!
Não creio em homem algum, em mulher alguma: sou a descrença viva, ceticismo animado.
Desconfio de todos.
Aborreço a vida, mas sendo obrigado a Viver, como vai correr a minha vida?
Um por um todos se arreceiam de mim, e todos me detestam.
Em toda parte sou por todos enxotado, de toda parte repelido.
Ninguém me quer ver; quando apareço, ninguém me tolera.
Tocou-me a lepra moral.
Eu sou como a peste, pois todos fogem de mim; sou pior que a peste, sou como um cão hidrófobo que se persegue, e cuja morte se deseja!
Oh, meu Deus! meu Deus! Eu sou católico e é somente por isso que não me mato; mas se alguma vez o suicídio pudesse merecer o perdão, a vez do perdão do suicídio era esta.
Meu Deus! eu pequei, confiando na magia, entregando-me a um pérfido mágico, aceitando para meus olhos o socorro do demônio!
Perdão, meu Deus!
Oh!... como é bom não ver!!!