Dicionário de Cultura Básica/Calderón
CALDERÓN (dramaturgo espanhol)
Pedro Calderón de La Barca (1600–1681) é um dramaturgo profundo, colocando no centro de sua ação dramática sempre um conceito filosófico, mascarado pelos véus do simbólico e do fantástico. Uma de suas afirmações: "quem vive sem pensar não pode dizer que vive". Sua obra mais famosa, A vida é um sonho, é um drama de idéias, predominando a concepção barroca do desencanto do homem, enganado pelas aparências sensíveis:
O que é a vida? um frenesi;
o que é a vida? uma ilusão,
uma sombra, uma ficção,
e o maior bem é pequeno;
pois toda a vida é um sonho,
e os sonhos, sonhos são.
Menos popular, mas mais profunda é a obra La Estatua de Prometeo, representada em 1669. Trata-se de um espetáculo total, que antecipa o sucesso do Teatro da Ópera, com música, canto, balé e cenários suntuosos. O dramaturgo espanhol ressuscitou o mito grego de Prometeu, visto como o símbolo do esforço humano para conseguir o progresso. Lope e Calderón foram os dois poetas que lançaram as bases do moderno teatro espanhol. O primeiro, mais prolífero, mais alegre, mais próximo do ideal renascentista da arte como expressão da natureza eufórica; o segundo, mais reflexivo, mais técnico, mais aristocrático, mais atormentado pela problemática barroca da luta entre a liberdade humana e o determinismo da Graça divina.