Dicionário de Cultura Básica/Hércules
HÉRCULES (Héracles grego: a personificação da força, os 12 Trabalhos)
Segundo o mito, Hércules nasceu de uma relação híbrida de Júpiter com a princesa Alcmena, filha do rei de Micenas, com a qual passou uma tórrida noite de amor, tomando a feição do marido Anfitrião. Este episódio encontra-se encenado magistralmente pelo escritor latino Plauto numa comédia que leva por título o nome do esposo traído. A ciumenta Juno (a Hera grega), a esposa de Júpiter (Zeus), por vingança, envia duas serpentes para devorar o bebê de oito meses. Mas Hércules, já demonstrando para que veio ao mundo, estrangulou as cobras com as mãos. Após diversas proezas, casou-se com Mégara, filha de Creonte, rei de Tebas. Mais uma vez, a vingança de Juno se fez presente: Hércules, enlouquecido por artimanhas da deusa, acabou matando esposa e filhos. Para expiar este crime, precisou superar várias provas, que a lenda chamou de Os doze trabalhos de Hércules: 1) matar o leão de Neméia; 2) matar a hidra de Lerna (o trabalho mais desgastante, pois a cada cabeça cortada nasciam duas); 3) capturar a corsa cerinita; 4) capturar o javali de Erimanto; 5) abater as aves do lago Estinfális; 6) limpar as cavalariças do rei Áugias; 7) capturar o touro de Minos em Creta; 8) domar os cavalos de Diomedes; 9) apoderar-se do cinturão da amazona Hipólita; 10) capturar os bois de Gerião; 11) colher os frutos de ouro do jardim das Hespérides; 12) acorrentar o cão Cérbero. Hércules, além destes Doze Trabalhos, fez outras façanhas, armado de sua clava. Separou os rochedos de Gibraltar (perto da costa hispânica) e de Ceuta (perto do litoral africano), formando as famosas "Colunas de Hércules", sustentadas pelo gigante Atlas, que estabeleciam o fim do mundo antigamente conhecido. Participou da expedição dos Argonautas. Libertou Prometeu, acorrentado ao monte Cáucaso. Aos 18 anos, matou um leão que assolava os rebanhos no monte Citerão, sendo recompensado com o amor das 50 filhas de Téspio. Mas não foi sempre tão "macho" assim! O mito narra que Hércules, durante os três anos que foi escravo da rainha Ônfale, deixou-se por ela dominar até se efeminar, usando roupas de mulher e manejando a roca. Sua ultima esposa foi Dejanira que, para vingar-se da traição do marido com a concubina Íole, fez com que Hércules vestisse uma túnica feita com filtro mágico que se colou à pele do herói, queimando-a como fogo. Hércules, desesperado de dor, subiu ao monte Eta e se lançou numa grande pira. Reboou um trovão imenso e o herói foi elevado ao Olimpo, onde fez as pazes com Juno, que lhe deu como esposa sua própria filha Hebe, deusa da eterna juventude e dos trabalhos domésticos. O mito de Hércules, especialmente a lenda de seus Doze Trabalhos, foi objeto de muitas obras iconográficas (pinturas e esculturas), narrativas, teatrais e cinematográficas, ao longo da cultura ocidental. O adjetivo "hercúleo" se incorporou ao dicionário panromânico como símbolo da força sobre-humana.